terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Cemitério de Lagos


Lagos, 31 de Janeiro de 2012

O Cemitério de Lagos

Tenho andado a pensar na história que o cemitério de Lagos encerra e na quantidade de turistas que o procuram para visitá-lo certamente já informados por amigos e conhecidos das suas terras porque, por nós, não é divulgado pelos circuitos de turismo.

Porque é que eles o procuram?

Acredito porque nas suas terras já não há cemitérios assim, mas sim semelhantes ao cemitério novo que cá temos. Este cemitério que os turistas procuram talvez numa nostalgia dos seus antigos cemitérios é o cemitério dos jazigos e das campas de mármore, das obras de escultura clássicas que os ornamentam e também dos nomes das famílias ilustres que por cá viveram e foram falecendo e que de muitas maneiras contribuíram para o bom nome desta cidade.

Então eu venho propor que se estude os vários conteúdos deste cemitério:

na perspectiva das obras de arte de escultura e arquitectura paisagista que nele existem;

na perspectiva da história de Lagos que por lá perpassa;

na perspectiva dos nomes das figuras ilustres que ficaram na história de Lagos e de Portugal que ainda lá existam antes que tudo desapareça;

na perspectiva antropológica desta maneira de cuidar dos nossos falecidos;

.......

Gostaria de recordar que este é o primeiro cemitério da cidade de Lagos e que data de 14 de Abril de 1893.

Até ao século XIX, os enterramentos faziam-se dentro e fora das igrejas-paróquias de S. Sebastião e de Santa Maria da Graça que era a igreja matriz até ao terramoto de 1755 e após na igreja da Misericórdia que depois se denominou igreja de Santa Maria.

A 01 de Novembro de 1755, a igreja matriz de Santa Maria da Graça é arrasada pelo terramoto e não é recuperada. A Câmara Municipal atribuiu as funções de cemitério ao espaço ocupado pelo convento e hospital S. João de Deus que circundavam a igreja e que também tinham ficado arrasados – cemitério da paróquia de Santa Maria da Graça - que, por vários motivos, incluindo as epidemias da peste e da cólera, foi projecto que durou muito pouco, sendo o cemitério abandonado e demolido. Nesta altura, já se pretendia separar o cemitério da igreja, embora ficasse contíguo.

A 14 de Abril de 1893, a Câmara Municipal ordena que se façam os enterramentos na freguesia de S. Sebastião, no lado de fora das muralhas, mais exatamente do baluarte da Porta do Postigo, para ambas as freguesias. (PAULA, Rui M.; Lagos – evolução urbana e património; edição de Câmara Municipal de Lagos; Lagos, Outubro de 1992, p.367)